16.10.15

Pulla e afins!


Estive afastada da minha cozinha durante uns tempos, por causa de um pequeno acidente. Cortei-me num dedo e o estrago ainda foi grande. Apesar de poder fazer algumas coisas, não podia pôr as mãos na massa! Assim que voltei a ter liberdade total de movimentos, o meu primeiro pensamento foi para um pãozinho, já a pensar no dia de hoje. O ano passado não sei que aconteceu, mas este ano arranjou-se tempo para mais um WBD - World Bread Day. Dia este que gira pela blogosfera desde 2006, a convite da Zorra.




Hoje é o dia em que a blogosfera mete as mão na massa e se comemora o dia do Pão. Bem... pão, pão não é, porque eu sou um bocadinho azelha e prefiro optar por massas tipo brioche, ou massas enriquecidas. Sei que o resultado final nunca me decepciona e não ia ser desta vez que isso ia acontecer. Ainda para mais quando a Mimi Patissière, leia-se a minha filha, e batizada pela tia Helena, decidiu pôr as mãos na massa comigo e ajudar-me a elaboração deste pão.


Pulla - Finnish Dessert Bread. O nome é complicado, mas foi assim que o encontrei. Ou melhor, encontrei primeiro os primos deste Pulla, que têm um nome ainda mais complicado, Korvapuusti, que não são mais do que uns rolos de massa de pulla, recheados com canela e cardamomo.

São receitas escandinavas, mas a mim importa-me pouco de onde são originárias, porque eu fiquei seduzida assim que li os ingredientes. E ao ter a massa base, porque não experimentar os dois? Só vos posso dizer que vale bem a pena. Este tipo de pão doce, é usado para acompanhar o café depois da sobremesa! São pouco espertos este escandinavos!

E apesar de ter receitas disponíveis na internet, a receita que deu origem a esta Pulla, fez 8000 km de distância, virtualmente falando claro está! Mas isto só para dizer, que neste mundo o pão ainda continua a ser o bem mais partilhado!


 


Inspirada pela imagem de Pulla e depois de ler estas receitas, a que se segue é uma mistura das duas com as respectivas alterações que achei que seriam pertinentes. Do Kinfolk veio a adaptação do recheio para os Korvapuusti, cuja imagem não me saía da cabeça. E agora, mãos na massa!




Pulla - Finnish Desert Bread






Ingredientes:

Para a massa:
- 3 ovos 
- 100 gramas de açúcar
- 80 gramas de manteiga
- 3 tsp de cardamomo em pó
- 1 tsp de sal
- 2 tsp de fermento de padeiro seco
- 200 ml de leite gordo
- 1/2 tsp de filamentos de açafrão
- 650-750 gramas de farinha T55 
-1 ovo para pincelar
-Açúcar em grão para polvilhar


Para o recheio:
- 60 gramas de manteiga derretida fria
- 100 gramas de açúcar mascavado escuro
- 50 gramas de amêndoa moída
- 1 tsp de canela
- 2 tsp de cardamomo em pó


Execução:

Numa taça pequena colocar 50 ml de leite morno, com o fermento e uma colher de sopa de açúcar. Mexer e deixar repousar até que comece a espumar.

Ferver o restante leite e infusionar o açafrão e deixar arrefecer até que possa ser usado na massa. Se estiver demasiado quente pode inactivar o fermento.

Numa taça colocar os ovos e o açúcar e bater ligeiramente. Adicionar a manteiga e mexer. Juntar o o fermento activado anteriormente e o leite onde se infusionou o açafrão, mexendo ligeiramente. Deitar metade da farinha e o sal. Mexer de modo a incorporar a farinha no liquído. Juntar a restante farinha e o cardamomo. Amassar a massa até descolar da taça. Se depois de adicionada toda a farinha, a massa estiver muito húmida, adicionar aos poucos mais farinha, até que esta se descole da taça e não cole nas mãos. Amassar a massa durante dez minutos até se obter uma textura elástica e brilhante. Colocar dentro da taça untado com azeite, tapar e deixar levedar em local morno, durante 1 horas aproximadamente ou até que duplique o volume.

Preparar o recheio, misturando numa taça todos os ingredientes, mexendo suavemente de modo a obter uma textura tipo pomada. Reservar. Dividir a massa em duas partes iguais e amassar cada uma individualmente, de maneira a retirar todo o ar.






Com uma das porções de massa, esticar e formar um rectângulo de 30 x 45 e espalhar o recheio. Enrolar sobre a parte mais larga e cortar em triângulos com uma base de 2 cm.





 

Colocar os triangulos sobre um tabuleiro de forno, devidamente forrado com papel de forno, com a base maior para baixo, pressionando ligeiramente o bico do triângulo em sentido transversal. Deixar repousar em local morno durante 45 minutos. Pincelar e polvilhar com o açúcar e levar a forno pré aquecido a 180ºC durante 20 minutos ou até que esteja dourado.

Para fazer a coroa, dividir a massa restante em três partes iguais. Enrolar cada uma sobre si mesma de modo a obter um rolo de mais ou menos 45 cm de comprimento.

Entrelaçar os três rolos e unir as pontas sobre si mesmos, de modo a dar a forma da coroa. Deixar repousar 45 minutos, pincelar com o ovo e polvilhar com o açúcar. Levar ao forno a 180ºC, durante 20 minutos ou até que esteja dourado. Servir morna.







A minha Mimi Pâtissière estava encantada por poder ajudar. Estas pequenas mãos que já mostram tanta habilidade no meio da farinha e da massa, não puderam com o formato normal da Pulla, e por isso fizemos as miniaturas para que ela pudesse provar e mostrar o trabalho dedicado que fez.







O grande dilema é mesmo escolher a melhor. O cardamomo é nota predominante, o que torna esta Pulla num "pão" perfeito para o café. Seja ele depois da sobremesa, num lanche ou num pequeno-almoço. Comido morno é simplesmente delicioso e depois de frio aconselho vivamente a passarem uma bela fatia pela torradeira e servir com manteiga ou simplesmente um doce do vosso agrado.







E quanto aos rolos de nome difícil, bem esses são um festival para o paladar. O cardamomo e a canela fazem um par perfeito e a leveza da massa, torna-os em pedacinhos irresistíveis.

Com um destes, eu dispenso a sobremesa!!


13.10.15

Mini Tartes de Maçã




Agora que o Verão já nos deixou e as temperaturas começam a baixar, só me apetece acender o forno e fazer bolos e bolinhos. Aproveitando uns dias de descanso, andava perdida nos meus afazeres e não me saía da cabeça uma imagem que antes vía nos livros de banda desenhada da Disney. A Vovózinha a colocar uma das tartes de maçã na janela.


A velha tarte de maçã, à bela maneira americana, que sempre me deixou a suspirar. E a juntar a isso, apetecia-me maçãs. Suavemente caramelizadas e aromatizadas com especiarias.



Encontrei uma receita aqui de uma massa que me convenceu e o restante, foram várias horas perdidas pela blogosfera, para entrelaçar a massa.



É um processo demorado, mas que vale a pena pelo resultado final. Se a meio de tanto entrelaçar massa, ficarem preguiçosos podem sempre fazer com discos de massa como se de empanadas se tratassem. (Foi o que me aconteceu!!)











Mini Tartes de Maçã

Ingredientes:

Para a massa:
- 280 gramas de farinha sem fermento
- 185 gramas de manteiga (cortada em cubos e bem fria)
- 20 gramas de açúcar
- 1 colher de chá de sal
- 4 - 5 colheres de sopa de água bem fria 
- 1 colher de chá de canela
- 1 ovo grande para pincelar

Para o recheio:
- 3 maçãs tipo Golden (descascadas, descaroçadas e partidas em cubos pequeninos)
- 40 gramas de manteiga
- 2 colheres de sopa de açúcar (podem usar mais se preferirem mais doce)
- 1 colher de chá de canela em pó
- 1 colher de chá de 4 especiarias (canela, gengibre, noz moscada e cravinho)


Execução:


Numa taça colocar a farinha, o açúcar, o sal e a canela, misturando levemente todos os ingredientes. Juntar os cubos de manteiga e com um "pastry blender" ou com as pontas dos dedos, incorporar a farinha na manteiga. Este processo deve ser rápido e assim que a manteiga tenha o tamanho de ervilhas, juntar a água até unir a massa.

Formar uma bola sem trabalhar muito a massa e colocar no frigorífico durante duas horas como minímo.

Numa tacho colocar a manteiga e levar ao lume. Assim que começar a derreter juntar as maçãs cortadas em cubos, o açúcar, e as especiarias. Mexer de maneira envolver bem a maçã e deixar caramelizar suavemente a baixa temperatura, durante 10-15 minutos. Com este tempo de cozedura, a maçã ainda fica com um ligeiro toque crocante. Retirar do lume e deixar arrefecer.

Pré aquecer o forno a 180ºC.
Retirar a massa do frigorífico e colocá-la sobre uma superfície ligeiramente enfarinhada. Se a massa estiver muito dura, deixar a temperatura ambiente durante 5 minutos antes de começar a esticar. Dividir a massa em duas partes, tendo em conta que uma será esticada várias vezes, podendo em contacto com as mãos aquecer demasiado e ficar muito mole. Se isso acontecer, voltar a colocar a massa no frigorífico durante uns minutos.

Esticar a massa dando a forma de um rectangulo 20x30 e com 1-2 mm de espessura. Com um cortador de 4 cm de diametro cortar círculos de massa, que serão a base das mini tartes.

Com a ajuda de uma régua marcar tiras de 2 cm e cortar as mesmas em sentido longitudinal. Quanto maior for o rectângulo de massa, maior será a quantidade de tiras para serem entrelaçadas. Entrelaçar a massa conforme as imagens em baixo, alternando a passagem das tiras verticas com as horizontais. 

À medida que se vão entrelaçando as tiras de massa, deve ir-se apertando ligeiramente a malha que se forma, para que ao cortar não se desmanchem. Cortar circulos desta "malha" de massa e repetir a operação quantas vezes forem necessárias.








Colocar uma colher de sobremesa de maçãs sobre o disco liso, pincelando o bordo da massa com um pouco de ovo batido. Cobrir com o disco de malha pressionando ligeiramente para fechar.








Colocar sobre um tabuleiro e pincelar com o ovo, e polvilhar com açúcar e canela. Levar ao forno durante 30 minutos, ou até que estejam douradas.
Retirar do forno e deixar arrefecer. Servir mornas.








Servir mornas?? A curiosidade era tanta, que mal tinham arrefecido eu já estava a tentar provar! Claro está que a curiosidade matou o gato e neste caso, eu fiquei com a língua queimada. Mas só ligeiramente, porque depois contive-me e deixei arrefecer o bastante, para que ninguém se queimasse.









Eu estava decidida a fazer estas minis! A meio da execução, já estava a maldizer por causa de tanta tira e tanto entrelaçado. Na falta de paciência não entrelacem a massa e façam círculos simples, ou até mesmo uma grande. Mas façam!

Morninhas a acompanharem um café, são deliciosas. A massa é simplesmente sublime e o recheio acompanha na perfeição. O fiozinho de caramelo serviu de decoração (risos)! A colherada de caramelo que não aparece, foi a gota de gulodice para as tornar ainda mais perfeitas!

Mas experimentem com o caramel salée e depois venham-me contar!